fonte: Extra

Corredores transformados em enfermarias, doentes em macas sem colchonetes, farmácia sugerindo economizar noradrenalina — quase sempre usada em manobras de ressuscitação cardiopulmonar. Desde a última terça-feira, quando a única UPA de Angra dos Reis, na Costa Verde, foi fechada, a emergência do Hospital Geral da Japuíba vem sofrendo com a superlotação.

Segundo a Secretaria de Saúde de Angra, a UPA da Japuíba foi desativada em função dos atrasos nos repasses do governo estadual. Em nota, a secretaria afirma que, há um ano, o estado não faz a transferência pactuada para a manutenção da unidade. A dívida chega a R$ 4,4 milhões.

Os 110 funcionários da UPA foram transferidos para o hospital. Mas, segundo médicos que preferem não ser identificados, não há especialistas em urologia, cirurgia vascular e ginecologia para atender os pacientes no hospital.

— Estão restringindo as cirurgias e chamam a atenção de quem opera casos que não sejam de extrema gravidade — relatou um funcionário.

O Sindicato dos Médicos promete entrar com ação popular contra a Prefeitura de Angra, alegando que o fechamento da UPA põe em risco a população.

— O Hospital da Japuíba não tem condições de absorver a demanda da UPA. Isso vai na contramão da política do SUS. As UPAs foram criadas para desafogar hospitais. Estamos vendo o contrário. Os pacientes estão sendo internados em condições desumanas — afirma o presidente do SindMed, Jorge Darze.

A Secretaria de Saúde de Angra informou que a superlotação na emergência ocorreu no momento da transferência dos pacientes que estavam na UPA e já foi equacionada.

A Secretaria estadual de Saúde respondeu que vem atuando junto à Secretaria de Fazenda para regularizar os repasses aos municípios. “Os últimos repasses estaduais para as UPAs municipais foram feitos no primeiro semestre de 2015”, diz a nota.

A nota da Secretaria estadual de Saúde na íntegra:

“A Secretaria de Estado de Saúde informa que vem atuando junto a Secretaria de Estado de Fazenda no sentido de regularizar os repasses aos municípios. Os últimos repasses estaduais para as UPAs municipais foram feitos no primeiro semestre de 2015. A gestão destas unidades é responsabilidade dos municípios onde estão localizadas, com recursos municipais, estaduais e federais. Vale lembrar ainda que, conforme a legislação que regulamenta o SUS, o atendimento de urgência e emergência de baixa e média complexidade é de atribuição municipal. Todos os 92 municípios do estado são gestores plenos de seus territórios e devem se responsabilizar pela atenção integral à saúde de seus moradores.”